MESTRE TONI VARGAS- Morou no Engenho de Dentro, subúrbio do Rio, lá eu tinha um grupo de amigos muito especiais, nós éramos mais que amigos, éramos irmãos de capoeira e de farra nas rodas da vida. Ali, eu vivi meus encontros mais espontâneos com a capoeira, o lado moleque, a vadiação, o treino na terra, sem mestre, sem nada. O prazer de cantar e tocar berimbau à vontade (naquela época para tocar em uma roda tinha que ser bamba), o prazer de descobrir na capoeira uma saída, para a nossa pobreza, para os conflitos da adolescência, para inaugurar um estilo de viver. Meus amigos eram negros, e eu também, eu era “Black Power”, minha dança era negra, minhas namoradas eram negras, e o que eu mais amava, - a capoeira - era negra. Entrei na capoeira aos 10 anos com Mestre Rony do Grupo Palmares de Capoeira, em um bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, foi a chance da minha vida. Infelizmente ele já se foi, e seu final foi de miséria, loucura e dor, como aliás, o de muitos que ajudaram a capoei